Decisão foi tomada em assembleia geral da categoria. Sindicato também orienta a base a votar e apoiar candidaturas proporcionais vinculadas à militância sindical e movimentos sociais organizados
As trabalhadoras e trabalhadores técnico-administrativos da Universidade Federal de Sergipe terão lado e voz nas eleições de 2022. A Assembleia Geral Extraordinária que ocorreu em 28 de junho definiu, por unanimidade, o apoio à candidatura de Luís Inácio Lula da Silva à Presidência da República. A decisão partiu de orientação da Fasubra, entidade que organiza a categoria em esfera nacional.
Em nota, a Coordenação Executiva do SINTUFS faz um balanço histórico e político da formação social brasileira, contextualizando o recrudescimento das políticas sociais e retiradas de direitos a partir do golpe contra a ex-presidenta Dilma Roussef, “iniciando um conjunto de reformas que trazem a retirada de direitos, precarização e flexibilização das leis trabalhistas e sociais”.
AUTONOMIA SINIDICAL E REFORÇO DAS PROPORCIONAIS
Apoiar candidaturas majoritárias e proporcionais não deve, sob a ótica do sindicato, abrir mão de sua autonomia frente ao Estado e governos de ocasião. O texto também ressalta a necessidade de apoiar candidaturas proporcionais, seja estadual ou federal, comprometidas com as agendas dos movimentos sociais e populares.
“Cabe aí fazermos as escolhas certas para derrubarmos o Governo Bolsonaro e darmos início a um novo ciclo de lutas e de marcação de posição na política brasileira, mantendo nossa autonomia e liberdade sem subserviência, sem atrelamento ao Estado…”
Leia a nota da Coordenação do SINTUFS na íntegra:
Desde os tempos do Brasil Colônia, a sociedade brasileira é marcada por lutas e movimentos sociais contra a dominação, a exploração econômica e, mais recentemente pela exclusão social. No início do século XX com o advento da República e com a substituição da mão de obra escrava pela assalariada, composta massivamente pelos imigrantes cujas classes dominantes eram as mesmas elites agrárias vinculadas à burguesia inglesa.
Nesse momento da história, o modo de produção se altera com a incipiente industrialização e a formação de um proletariado urbano. A partir daí surgem as primeiras organizações de lutas e de resistência dos trabalhadores expressos em ligas, uniões, associações e de auxílio etc.
É nesse cenário que surgem os sindicatos que podemos conceituar como organismos sociais que se destinam a defesa dos interesses econômicos e sociais dos componentes das suas respectivas categorias profissionais, individuais ou coletivamente. Esses interesses são os voltados para as melhorias salariais, as condições de trabalho e das condições de vida em geral.
O sindicato é um instrumento de luta importantíssimo para a defesa dos interesses do conjunto das trabalhadoras e trabalhadores de todos os setores produtivos da sociedade. A luta a que nos referimos visa a superação do sistema de exploração econômica e da dominação política e ideológica.
Na contemporaneidade o sindicalismo vem sendo afetado por um conjunto expressivo de mudanças estruturais e conjunturais que alteram profundamente as condições e relações de trabalho, levando ao afastamento dos trabalhadores e o seu enfraquecimento na sua capacidade de resistência.
Há consenso entre os estudiosos, militantes e dirigentes sindicais dos problemas que atingem os sindicatos, não só no Brasil, mas também em escala global. Esses problemas compreendem aspectos de ordem econômica, política, ideológica e tecnológica, que passa entre outros, pela crise do capitalismo, pelo recrudescimento do neoliberalismo e por novas formas de produção que promovem o desassalariamento, a eliminação de postos de trabalho e a implementação de novas formas de trabalho mediadas por plataformas digitais.
O recrudescimento dos movimentos sociais e sindical no Brasil ao longo de décadas têm demonstrado sua capacidade de enfrentamento e de luta, portanto o que vem se delineando no país são interrupções marcadas por golpes através de governos conservadores e antidemocráticos que põem em xeque a trajetória da nossa nova democracia que custou caro a sociedade brasileira.
A título de ilustração podemos citar o golpe de 2016, que culminou com o afastamento da Presidente Dilma Rousseff iniciando um conjunto de reformas que trazem a retirada de direitos, precarização e flexibilização das leis trabalhistas e sociais e o congelamento de investimentos em áreas sociais e estratégicas no país por vinte anos.
Além dos prejuízos em várias dimensões para o conjunto da sociedade, essas medidas pavimentaram o terreno para a eleição do atual presidente da república o qual tem aprofundado as reformas com as privatizações de estatais, estratégicas para o país do ponto de vista da economia e da soberania, incita o ódio e a violência levando ao aumento em escala exponencial dos conflitos em todas as regiões do país, com destaque para as regiões Norte e Centro Oeste, promove atos antidemocráticos contra as Instituições Democráticas do país, desrespeita e descredencia os profissionais da imprensa e elege os servidores públicos como os grandes vilões da crise que se instalou no país, e por fim promove reiteradamente cortes nos orçamentos de áreas estratégicas como a educação, saúde, cultura, tecnologia, ciência, pesquisa, entre outras, redirecionando esses recursos para a compra de parlamentares do bloco centrão para aprovar as medidas do desmonte do Estado Brasileiro.
Diante da crise econômica, política e social que se instalou no país e considerando o processo de eleição que se avizinha não há outra saída para os movimentos sociais e sindical, senão dialogar com a sociedade e mostrar a contradição entre capital e trabalho e tentar conscientizar a população dos desmandos administrativos desse desgoverno e informar a sociedade da importância e da manutenção dos serviços públicos de qualidade para atender a população, principalmente os mais vulneráveis economicamente.
Nesse sentido o SINTUFS a partir da orientação da FASUBRA, decidiu em assembleia geral extraordinária realizada em 27 de junho do corrente ano, o apoio à candidatura do ex-presidente Lula à Presidência da República e em relação aos cargos eletivos proporcionais o apoio às candidaturas vinculadas aos movimentos sociais organizados e do movimento sindical que sempre defenderam e pautaram as agendas de todas as trabalhadoras e trabalhadores de todos os setores produtivos desse país.
As trabalhadoras e trabalhadores são os responsáveis pela produção de toda a riqueza do país e não podem ser responsabilizados pela incompetência e falta de compromisso desse governo. Temos entendimento de que os projetos de governo que estão sendo colocados pelos candidatos não correspondem ao projeto dos trabalhadores, portanto os movimentos mesmo que organizados necessitam de outros organismos sociais para pautar sua agenda por dentro do governo e esses organismos são os partidos políticos. Cabe aí fazermos as escolhas certas para derrubarmos o Governo Bolsonaro e darmos início a um novo ciclo de lutas e de marcação de posição na política brasileira, mantendo nossa autonomia e liberdade sem subserviência, sem atrelamento ao Estado e sem deixarmos ser cooptados pela estrutura do Estado Brasileiro, construindo espaços democráticos de debate e de negociações, visando assegurar e ampliar direitos na perspectiva de construirmos nossa identidade enquanto sujeitos históricos, transformadores dessa sociedade.
São Cristóvão, 27 de junho de 2022
Coordenação Executiva do SINTUFS
Gestão “Resistir e avançar: É na luta que a gente se encontra (2021-2023)”