O trabalho de combate ao Aedes aegypti e, consequentemente, de erradicação das doenças transmitidas por ele (dengue, zika e chikungunya), é minucioso e demanda constância. Neste sentindo, além das ações desenvolvidas pelo poder público, a atuação da população é fundamental para que se chegue a resultados positivos. Na capital sergipana, a Prefeitura de Aracaju enfatiza, a partir do trabalho diário de combate a este vetor, o papel dos munícipes neste sentido, mesmo os que residem nas localidades com baixo índice de infestação, uma tentativa de ampliar a conscientização popular em torno da saúde coletiva.
Por se tratar de um mosquito doméstico, que vive perto do homem, dentro ou ao redor das residências, ou locais frequentados pelas pessoas, o esforço da população para evitar ou eliminar a presença de criadouros é um dos pontos principais do trabalho de controle do Aedes aegypti.
A supervisora geral do Programa Municipal de Combate ao Aedes, Edjeane Scarlet, reforça a importância do engajamento da população em harmonia com as ações desenvolvidas pelo poder público municipal.
“O agente de endemias passa com frequência para a coleta referente ao LIRAa [Levantamento de Índice Rápido de Aedes aegypti], além de outras ações, entretanto o morador é dono da residência, então, a inspeção ainda mais detalhada é feita pelo morador. Se ele tirar um ou dois dias por semana para verificar a casa e os locais que podem servir como criadouros é de grande valia para o trabalho de combate ao mosquito, isto porque ele tem condições de eliminar os criadouros e de sinalizar a nós, enquanto vigilância, se existe um terreno baldio ou até uma residência vizinha que seja alvo de problemas relacionados a isso”, enfatiza Edjeane.
Criadouros Uma das preocupações dos agentes de endemias está voltada para o ciclo de evolução do mosquito. A infestação é sempre mais intensa no verão, em função da elevação da temperatura e da intensificação de chuvas. Porém, em regiões como o Nordeste e, mais especificamente, em Aracaju, quando a maior parte do ano possui temperaturas mais quentes, sendo que, em 2021, está chovendo mais do que o esperado, o alerta é maior.
Para se ter uma ideia, uma fêmea é capaz de depositar cerca de 1.500 ovos e em diversos criadouros, para garantir a dispersão e preservação da espécie. Em condições adequadas de temperatura, o Aedes pode chegar à fase adulta em, aproximadamente, dez dias. Por isso, a necessidade da constância na inspeção das residências.
“A contribuição dos moradores é essencial. No entanto, em Aracaju, conforme apontou o último LIRAa, a maioria dos focos encontrados ainda estão dentro das residências. O que temos chamado atenção é que as pessoas devem verificar cada canto da casa, até os locais menos comuns porque podem ter surpresas”, destaca a supervisora.
No último LIRAa, realizado pela Prefeitura de Aracaju, 57,4% dos focos foram encontrados em lavanderias e tonéis, ambos utilizados para armazenar água. Em segundo lugar, estão os vasos de plantas, ralos, lajes, sanitários em desuso com 25,9%. Os focos encontrados em entulho e lixo nas vias públicas ou espaços abandonados correspondem somente a 13,1% dos focos.
“Como todo o cuidado é pouco, se tratando do Aedes, é preciso verificar detalhadamente. Sempre batemos na tecla das lavanderias, vasos de plantas e pneus, mas banheiros em desuso, por exemplo, têm grande probabilidade de apresentar foco, também, porque ficam esquecidos. Na cozinha também há riscos. A caixa que fica atrás da geladeira e que retém água durante seu processo de degelo é também um local para depósito de ovos do mosquito Aedes aegypti. Além disso, as pessoas devem observar aqueles brinquedos que ficam expostos, garrafas e latas, e até mesmo a churrasqueira que utiliza nos finais de semana. Esses locais são grandes sinalizadores e, por vezes, passam batidos nos cuidados dos moradores”, aponta Edjeane.
Ações
O último levantamento, realizado em julho, registrou que dos bairros de Aracaju, 18 foram classificados em baixo risco (satisfatório), 21 em médio risco (alerta) e quatro bairros ((Japãozinho, Palestina, Santo Antônio e São José) com a classificação de risco de epidemias. A avaliação bairro a bairro indica que 51,1% tiveram aumento no valor do índice de infestação predial, se comparados com o LIRAa de maio deste ano.
Diariamente, os agentes de combate às endemias fazem visitas domiciliares e ações de bloqueio de transmissão, além dos mutirões realizados aos sábados.
Nos bairros com maior índice de infestação, a Prefeitura intensifica as ações de combate ao Aedes aegypti a partir de mutirões. De janeiro a junho deste ano, 20 mutirões foram realizados em todas as regiões da cidade. Além disso, os agentes municipais também atuam na realização de bloqueios de transmissão ao cruzar dados de infestação com os números de casos notificados.
Outra linha de frente desenvolvida pelo Programa de Combate ao Aedes aegypti é a coleta de pneus, que constitui-se como um importante trabalho preventivo. De janeiro até junho, o serviço recolheu 26.369 pneus em Aracaju.
“Quando fazemos uma ação no bairro, percebemos que há um impacto positivo no que diz respeito à infestação pelo Aedes. No entanto, à medida que os dias passam essa empolgação, por parte dos moradores, diminui. A população deve atuar em parceria com a administração municipal, ela precisa fazer a sua parte”, salienta a supervisora.
AAN