Aracaju vive uma segunda onda de aumento de casos de covid-19. Diferente da primeira, a atual tem se mostrado mais agressiva por causa da circulação de novas variantes do coronavírus, transmitidas mais rapidamente e com maior capacidade de evolução para um quadro mais grave da doença. O novo cenário, portanto, tem levado especialistas a orientar a população para que busque atendimento médico ao notar o primeiro sintoma suspeito de covid-19.
Hoje, somente na rede municipal de saúde, conforme apontou o último boletim, a taxa de ocupação de leitos de enfermaria municipais chegou a 54,8%. No entanto, o que também tem preocupado os especialistas é que a ocupação de leitos de UTI, regulados pelo Estado, supera a ocupação de leitos de enfermaria.
De acordo com o mais recente Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (SES), no momento, 414 pessoas estão internadas em leitos de UTI da rede pública e privada, em todo o estado, sendo que a taxa de ocupação pública adulto chegou a 98%. Na rede privada, a taxa de ocupação de leitos de UTI adulto está em 92,5%. Com os números totais, atualmente, existem mais pessoas internadas em leitos de UTI do que em enfermarias.
“São dados muito preocupantes e temos chamado a atenção das pessoas para que procurem o atendimento médico logo que notarem o primeiro sintoma, mesmo que seja o mais leve. Temos notado que algumas pessoas até chegam a ir a unidades hospitalares de urgência ou de pronto atendimento e têm desistido, achando melhor ficar em casa. No entanto, temos orientado muito, principalmente na rotina clínica, que é crucial e estratégico que a pessoa procure o atendimento médico no primeiro sinal ou sintoma para que seja avaliado e orientado da melhor forma possível para que isso não venha a ser feito quando a situação estiver agravado”, destaca a infectologista da Secretaria Municipal da Saúde, Fabrízia Tavares.
Conforme apontou a especialista, essa orientação é fundamental para o paciente estar informado do que pode acontecer e, assim, manter o monitoramento.
“Normalmente, a doença começa a evoluir a partir da segunda semana e destacamos que existem três indicadores que o paciente precisa estar estrategicamente informado: primeiro, se ele não melhorou do sintoma, ao final da primeira semana. Segundo, se o sintoma que havia sumido retornou. Por fim, se surgiu algum novo tipo de sintoma. Em quaisquer dessas três condições, o paciente precisa retornar o quanto antes, principalmente, no quinto, sexto dia, para ser reavaliado, quando, a depender do caso, poderão ser solicitados exames laboratoriais e de imagem”, reforça a especialista.
Segundo Fabrízia, durante o processo, é essencial que o próprio paciente se monitore diariamente para que, ao contatar o médico, possa ser orientado sobre o que deve fazer. “Não espere aparecer o desconforto respiratório porque esse já é um sinal de agravamento mais sério. A procura pelo atendimento e acompanhamento médico deve ocorrer ao primeiro sintoma”, reitera a infectologista que chama a atenção para outro ponto. “Estamos num momento de sazonalidade, de outras viroses, então, precisamos que os pacientes sejam submetidos ao exame para que descartemos a covid ou não, e para que o paciente seja acompanhado de forma mais apropriada de acordo com o seu quadro clínico”, explica.
De acordo com a infectologista, já foram registrados sintomas para além dos comumente informados e é preciso dar atenção a eles.
“Sabemos que existem receptores para o SARS-CoV-2, o novo coronavírus, em diversos órgãos, no sistema nervoso central, sistema digestivo, cardiovascular, então, existe a possibilidade de quaisquer órgãos desses sistemas (coração, rins, cérebro, etc.) serem acometidos. Temos visto as sequelas com diversos graus de comprometimento. Assim, até pessoas com sintomas mais leves, orientamos que procure o atendimento médico, que seja avaliado”, complementa a especialista.
AAN