Circula no Jornal da Cidade deste fim de semana um artigo (Caderno B2, Cidades) por mim assinado em que exerço o meu direito de reposta frente a uma sórdida campanha de assassinato de reputação urdida pelo Chefe de redação daquele jornal. Sou grata à solicitude do sr. Marcos Franco, que gentilmente cedeu o espaço. Mas convém esclarecer que tal empreendimento é obra única e exclusiva do editor-chefe daquele veículo: o sr. Eugênio Nascimento.
Quem acompanha o processo eleitoral da UFS sabe que, além de mim, existem outros 3 candidatos inscritos que estavam em plena campanha, antes da quarentena motivada pela pandemia do coronavírus. Por fora, corre o candidato do atual Reitor, prof. Ângelo Antoniolli, que está há 16 anos no poder (8 como Vice-Reitor e 8 como Reitor) e deseja manter uma escrita que pode chegar a trinta anos: Vice-reitores que sucedem o Reitor, utilizando a UFS como um feudo de senhores que concebem e tratam servidores e estudantes como seus servos silentes e obedientes.
Testemunhamos um fim de gestão do atual Reitor envolta em descalabro administrativo, com nossa querida instituição ostentando números preocupantes de evasão e retenção de estudantes, desempenho medíocre da maioria dos cursos, falta de transparência na gestão de recursos orçamentários e, para completar, enredada em uma série de procedimentos administrativos e judiciais que apontam para irregularidades várias em processos de licitação, pagamentos de bolsas do sistema de educação à distância, contratos com fornecedores, etc.
Um leitor mais curioso pode fazer incursões nos sites da Justiça Federal de Sergipe, do Tribunal de Contas da União e da Controladoria Geral da União – onde está hospedado o Portal da Transparência do governo federal – para aferir a qualidade da (des)governança em que se encontra a UFS. Recomendo também uma visita ao prédio da Rua Lagarto que por muito tempo abrigou a FAPESE, diversos cursos de extensão, a Comissão de Direito Humanos e foi a primeira sede da Reitoria da UFS para perceber o “fim” que os atuais gestores deram a esse prédio histórico. Também recomendo uma visita ao belo e esquecido campus de Laranjeiras, a fim de examinar se estão ali presentes as condições de funcionamento regular de um campus universitário.
É evidente que esse grupo que está no comando da UFS há quase duas décadas vem fazendo de tudo para que essa realidade não seja revelada e denunciada. Para isso, conta com estratégias várias para silenciar quem ouse expor tais mazelas e descortinar o que fizeram com nossa instituição, que era e precisa voltar a ser orgulho do povo sergipano. Nesse sentido, atuam operadores que se empenham na conhecida e infame estratégia de assassinato de reputação.
Um desses operadores, o sr. Eugênio Nascimento, vem desde o final do ano passado usando o Jornal da Cidade para tal empreitada. Se no meio jornalístico esse senhor dispensa apresentação, para a comunidade da UFS e o conjunto da sociedade sergipana importa saber que, enquanto chefe de redação do Jornal da Cidade, tal jornalista vem usando um dos jornais mais prestigiados do estado para promover ataques ofensivos a candidatos que disputam a Reitoria, buscando sordidamente interferir no processo eleitoral da UFS.
Em várias notas de sua autoria publicadas no Jornal da Cidade constam afirmações como: “A nova onda na UFS é a busca por candidatos de extrema-direita … Dizem que quanto mais de extrema-direita, melhor”. Em uma outra, fez constar: “Tem chamado a atenção a agressividade verbal de candidaturas bolsonaristas”. Na edição do jornal do último final de semana, mais uma vez referindo-se a supostas candidaturas bolsonaristas que ele não aponta quais são, publicou o seguinte: “Nunca se viu tanto fanatismo religioso e vitimismo”.
Constata-se que isso não é propriamente manifestação de jornalismo. Alguém que ao longo de 15 anos assessorou o atual reitor da UFS e seu antecessor não possui credenciais éticas e respaldo legal para, sob o pretexto de cobrir o atual processo eleitoral que ali se desenrola, atacar a honra de quem se coloca em uma legítima disputa, buscando a alternância do poder em nossa instituição.
Como disse ao próprio jornalista quando o mesmo alegou que não menciona meu nome ou da minha chapa: Não se trata de “vestir a carapuça”, pois não tenho nada a esconder de minha trajetória e vida pessoal e profissional, e sim de repudiar a conduta de alguém que avilta a dignidade de pessoas e lança acusações levianas de extremismo, radicalismo e fanatismo de forma irresponsável e até criminosa sobre elas. Essa é uma estratégia amplamente conhecida de pessoas torpes que, na falta de argumentos consistentes e propostas plausíveis, disparam ofensas e imputam mentiras a quem elegem como seus inimigos.
Questiona-se: onde estava o interesse jornalístico do Sr. Eugênio Nascimento em apurar e noticiar irregularidades em licitações, pagamentos de bolsas e a prestadores de serviços na UFS, como detectado em acórdãos do TCU? E por que não cobriu os graves problemas no sistema de cotas apontados pelo MPF em nossa instituição? Não merecia uma “notinha” de jornal o estado deplorável da primeira sede da reitoria da UFS, hoje transformada em um precário depósito?
Talvez o leitor não saiba que, na condição de funcionário recebedor de recursos destinados à UFS, o Sr. Eugênio Nascimento era contemplado até dezembro passado com o valor mensal de cerca de 6.000,00 reais e, enquanto titular de um cargo de direção – CD 4 devidamente registrado no Portal da Transparência, era dispensado de registrar o ponto na instituição como os demais pobres mortais dos servidores técnicos. E o que é mais grave, tomei conhecimento de que ao longo desses 15 anos de vínculo com a UFS não se via nos gabinetes da Reitoria tão privilegiado assessor trabalhando regularmente.
O direito à informação integra o acervo dos direitos fundamentais do cidadão. Isso exige uma postura mais consequente de jornalistas ao exercerem a sua liberdade de expressão, que se manifesta enquanto liberdade jornalística. Vínculos ocultos e interesses pessoais de um jornalista nos fatos noticiados maculam essa liberdade de informar e, por consequência, comprometem o que é essencial para aferir a veracidade da sua versão dos fatos: a isenção jornalística. Convém registrar o art. 13 do Código de ética da profissão, ao estabelecer que “o jornalista deve evitar a divulgação dos fatos com interesse de favorecimento pessoal ou vantagens econômicas e de caráter mórbido e contrários aos valores humanos”.
Aliado a isso, surpreende o desprezo do sr. Eugênio Nascimento a uma regra básica da atividade jornalística, a que exige que sejam ouvidas as partes envolvidas no fato noticiado. É isso que determina o art. 14 do referido Código: “O jornalista deve ouvir sempre, antes da divulgação dos fatos, todas as pessoas objeto de acusações não comprovadas, feitas por terceiros e não suficientemente demostradas ou verificadas; e tratar com respeito todas as pessoas mencionadas nas informações que divulgar”.
Portanto, cabe também indagar: Por que o jornalista menciona sempre “candidatos bolsonaristas” e não aponta a quem o presidente teria declarado apoio ou quem se apresenta como tal? Conforme sua checagem, quem seriam os candidatos de extrema-direita (e de extrema-esquerda, não existiriam?) e quais as evidências disso? Segundo sua apuração jornalística, quais candidatos seriam fanáticos religiosos e que circunstâncias revelam isso?
A verdade que salta aos olhos é que o comportamento do sr. Eugênio Nascimento é manifestamente incompatível com a ética jornalística e com o decoro pessoal, além de tangenciar a violação de preceitos constitucionais e legais. A sua mendacidade vem de longa data e sua pena virulenta avançou sobre tantos que se intimidaram frente a uma figura tão sórdida. Diante de quem vive e se alimenta da matéria que constitui esse jornalista, não há arma de defesa mais poderosa do que a verdade. Verdade revelada hoje neste veículo, mas que amanhã pode ser levada também aos tribunais.
Denise Leal F. Albano Leopoldo
Professora do Dep. de Direito da UFS e candidata a Reitora