POR REDAÇÃO
A vigésima sétima rodada da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) é um modelo societário criado pela Lei 14.193/2021, promulgada em 6 de agosto de 2021, que permite a transformação de clubes de futebol brasileiro em empresas com estrutura empresarial. Esse formato separa o departamento de futebol do clube social e cria uma empresa independente com uma estrutura empresarial com benefícios tributários e regulatórios, regras de governança, prestação de contas, transparência financeira, modernização da gestão, captação de investidores e recursos e gerar lucros.
A SAF é um modelo de clube-empresa que incentiva a migração de clubes tradicionais para uma gestão mais profissional, e focada em resultados financeiros e esportivos. Modelo que, apesar de permitir a entrada imediata de recursos financeiros, investimentos estruturais, qualificação do elenco, melhorias das categorias de base e alíquotas reduzidas e simplificadas, enfrentou e continua enfrentando resistência de pequena parte de conselheiros, associados e torcedores. A ideia de “vender o clube” estimula o receio de que o clube perca a identidade, autonomia e a representatividade da torcida nas decisões.
Desde que foi criada a Lei das SAFs, em 2021, o número de clubes-empresas disparou no Brasil e, segundo os últimos levantamentos – até setembro de 2025 – 122 clubes passaram a ser SAF. A maioria são de clubes menores, com pouca expressão histórica, sem tradição, de cidades pequenas e que militam em divisões inferiores, seja nacional ou estadual. Alguns clubes não disputam competições profissionais e são voltados para a formação de atletas. A SAF deixou de ser uma tendência e hoje apresenta crescimento de forma acelerada, expansão e consolidação. O que era dúvida passou a ter notável aceitação.
Não existe um modelo d e S A F u n i v e r s a l e , obviamente, podem ocorrer sucessos e insucessos. Afinal, as negociações são complexas e dependem da percepção, responsabilidade
e comprometimento dos dirigentes e conselheiros para que sejam bem-sucedidas e não causem danos para os clubes. Q u a n d o u m a S A F corresponde às expectativas, a probabilidade de ganho econômico e esportivo é grande. É claro que nem todos os clubes que se tornaram SAF vão conquistar títulos, mas, independentemente das conquistas esportivas, o crescimento de receitas com bilheteria, patrocínios, negociações de atletas, comercialização de direitos de transmissões e de produtos licenciados, permitem que os clubes tenham uma vida financeira saudável. Antes da SAF, gestores e conselheiros, com raras exceções, não tinham compromisso com as finanças e gastavam de forma populista e apaixonada.
Mas existem SAFs que causaram um enorme prejuízo para os clubes porque foram feitas sem critérios rigorosos e sem avaliações. A incapacidade administrativa de manter os clubes competitivos e minimamente organizados financeiramente fez com que alguns dirigentes fossem enganados por empresários que, na realidade, não tinham capital financeiro para alavancar os clubes a curto e médio prazo. Lembrando que a ineficiência administrativa de alguns dirigentes não é de hoje e vem de décadas. Somente cinco estados ainda não tem nenhuma SAF registrada – Rondônia, Amapá, Tocantins, Maranhão e Piauí.
Sete estados só têm um clube com o modelo de SAF – Acre, Alagoas, Pará, Roraima, Sergipe, Mato Grosso de Sul e Rio Grande do Sul. Os estados com mais números de SAFs são
os seguintes: São Paulo – 29; Paraná – 15; Minas Gerais – 14; e Santa Catarina – 10. A criação da SAF é mais uma das várias oportunidades que já foram dadas para que os clubes brasileiros possam ser competitivos e organizados – principalmente financeiramente.


