O silêncio tomou conta do Presídio Feminino de Nossa Senhora do Socorro na tarde desta terça-feira (9). A médica Daniele Barreto, 46 anos, que havia acabado de retornar à unidade horas antes, foi encontrada morta dentro da própria cela. Acusada de envolvimento no assassinato do marido, o advogado criminalista José Lael Rodrigues Júnior, Daniele protagonizava um dos processos mais rumorosos da crônica policial sergipana.
Segundo a Secretaria de Estado da Justiça, a cena foi descoberta por volta das 16h20, quando seu advogado chegou ao presídio para uma visita. Ao abrirem a cela, agentes penitenciários encontraram a médica desacordada, com um lençol enrolado no pescoço. Apesar dos primeiros socorros e da chegada rápida do Samu, a morte foi confirmada ainda no local. O IML e o Instituto de Criminalística assumiram os procedimentos seguintes.
De clínica a presídio: um retorno marcado por decisões judiciais
O desfecho trágico ocorreu poucas horas depois de Daniele ter deixado uma clínica de repouso, onde estava internada desde o dia 1º de setembro. Pela manhã, ela compareceu a uma audiência de custódia no Fórum Gumersindo Bessa, em Aracaju, e em seguida foi reconduzida à prisão.
O retorno não foi casual: atendeu à determinação do Supremo Tribunal Federal. No fim de agosto, o ministro Gilmar Mendes havia revogado a prisão domiciliar que lhe fora concedida em maio, obrigando a médica a voltar ao regime fechado.
O crime que parou Aracaju
O caso teve início em 18 de outubro de 2024, quando o advogado José Lael Rodrigues Júnior, de 42 anos, foi executado a tiros na Zona Sul da capital sergipana. Ele dirigia o carro onde também estava o filho do casal, quando dois homens em uma motocicleta se aproximaram e abriram fogo. O crime, ousado e brutal, chocou a comunidade jurídica e levantou uma onda de comoção em Sergipe.
As investigações da Polícia Civil apontaram suspeita de que Daniele tivesse participado da trama que resultou na morte do marido, o que levou à sua prisão preventiva. Desde então, o caso vinha sendo marcado por disputas judiciais, recursos e decisões controversas.
Um enredo sem desfecho
A morte de Daniele Barreto acrescenta um novo capítulo à história já cercada de mistério e tensão. O caso que começou com a execução de um advogado agora se encerra dentro das paredes frias de um presídio, deixando perguntas sem resposta e um rastro de silêncio — o mesmo que tomou conta da cela onde a médica foi encontrada.
Por Redação
Foto: Rede Social