Em um domingo marcado por discursos inflamados e tensão política, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi um dos protagonistas do ato bolsonarista realizado em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, na tarde deste domingo (3). Em meio a gritos de apoio e aplausos da multidão, o filho do ex-presidente não poupou ataques ao ministro Alexandre de Moraes, a quem chamou de “vagabundo”, e anunciou uma mobilização nacional pelo impeachment do magistrado do Supremo Tribunal Federal (STF).
A manifestação na orla carioca fez parte de um movimento coordenado que reuniu apoiadores em pelo menos 62 cidades do país. Os principais motes foram o pedido de anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 e a pressão pelo afastamento de Moraes, figura central nos processos que investigam Jair Bolsonaro e aliados.
No trio elétrico, Flávio adotou um tom emocional. Buscando reaproximar o público da figura do pai, descreveu uma cena íntima da noite anterior, quando visitou Bolsonaro em sua residência.
“Ontem fui visitar meu pai. Saí de lá triste, emocionado, mas também renovado. Triste como filho, ao ver aquele homem, que liderou este país com coragem, carregando uma tornozeleira como se fosse um criminoso. Mas não é. É um patriota, é honesto. E é invejado por esse vagabundo chamado Alexandre de Moraes”, disse, arrancando aplausos e gritos de apoio.

No encerramento de sua fala, subiu o tom: “Saí de lá ainda mais disposto a lutar pelo Brasil. E não vou descansar até ver o impeachment daquele que destruiu nossa democracia: Alexandre de Moraes”.
A ofensiva verbal do senador engrossa o já acentuado embate entre o bolsonarismo e o Judiciário — especialmente após as eleições de 2022, quando o STF passou a conduzir investigações sobre supostas tentativas de golpe envolvendo o ex-presidente e seu núcleo político.
Palco paulista: Malafaia radicaliza
Enquanto no Rio Flávio centralizava os holofotes, em São Paulo foi o pastor Silas Malafaia quem incendiou o público. Na Avenida Paulista, diante de uma multidão, o líder religioso elevou ainda mais o tom ao chamar Moraes de “criminoso”, afirmando ter provas de supostos crimes cometidos pelo ministro.

“Nós estamos falando em anistia, mas você precisa entender por que essas pessoas estão presas. Eu vou fazer aqui declarações fortes e vou provar, porque eu não vim aqui para fazer acusação leviana, então eu vou fazer uma declaração e vou provar a minha declaração. O ministro Alexandre de Moraes é um criminoso”, disparou Malafaia, para na sequência apresentar o que chamou de evidências.
“Vamos às provas. Há quase seis anos ele passou a presidir um inquérito de fake news. Esse inquérito é imoral e ilegal porque não tem a participação do Ministério Público, artigo 129 da Constituição. Alexandre de Moraes estabelece o crime de opinião. Ele rasga o artigo 5, inciso 4, da Constituição, a liberdade de expressão, e estabelece a censura. Alexandre de Moraes é um criminoso”, acrescentou o empresário da fé e da política.
Malafaia ainda criticou duramente a ausência dos governadores Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG) e Ronaldo Caiado (GO), todos nomes cotados como potenciais candidatos à Presidência em 2026. Segundo ele, os líderes “perderam a chance de estar ao lado do povo”.
Michelle: presença no Norte, ausência no Sudeste
Quem também participou das manifestações, embora longe dos principais centros, foi a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Enquanto era aguardada na Avenida Paulista, Michelle preferiu marcar presença em Belém, no Pará, onde discursou para apoiadores e fez críticas à censura.
“Hoje é o dia em que se comemora o Fim da Censura no Brasil! Censura que, infelizmente, voltou! Que as manifestações de hoje reacendam o vigor brasileiro para recuperarmos nossa liberdade e acabar com o avanço da censura no Brasil! Aqui em Belém, pude sentir toda a emoção e vibração positiva do povo do Norte”, publicou ela nas redes sociais.
Carreata em Aracaju
Em Aracaju, o ato reuniu manifestantes nos Arcos da Orla de Atalaia, às 14h, seguindo em carreata até o Farol da Coroa do Meio, na Zona Sul da cidade. A mobilização fez parte do movimento nacional “Reaja Brasil”, com foco em apoio a Bolsonaro, críticas ao governo Lula e pedidos de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF.

O evento contou com a presença de lideranças locais, como o vereador Lúcio Flávio (PL), a vereadora Moana Valadares (PL), o deputado federal Rodrigo Valadares (União Brasil) e o ex-deputado Capitão Samuel, que fizeram declarações críticas ao governo federal e ao STF.
A manifestação incluiu carreata, motociata e buzinaço, com apoiadores vestidos de verde e amarelo, entoando slogans como “Fora Lula” e “Fora Moraes”. Um momento marcante foi uma chamada de vídeo do ex-presidente Bolsonaro, feita ao vivo para o deputado Rodrigo Valadares durante o ato.
Bolsonaro ausente, mas presente
Impedido pela Justiça de comparecer a eventos públicos e obrigado a permanecer em casa nos fins de semana, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi representado no Rio por Flávio Bolsonaro e por aliados próximos. O senador, que vem assumindo com mais frequência o papel de porta-voz político da família, reforçou a narrativa de que o ex-presidente é vítima de perseguição.
Os manifestantes carregavam faixas pedindo “liberdade”, “impeachment de Moraes” “anistia”, “Bolsonaro livre”, além de faixas referendando Trump pelo tarifaço, e um sentimento de revolta contra o sistema judicial, especialmente o STF.
Por Redação
Fotos: YouTube/X/Instagram/Reprodução