Minhas considerações sobre “As Veias Abertas da América Latina” de Eduardo Galeano. A proposta é discorrer sobre os principais pontos da história da conquista até os primeiros processos de independência.
Sobre os pontos fulcrais que delineiam a tessitura histórica do livro, foi a exploração dos países invasores que dizimou a população nativa, pois chegaram ao “Novo Mundo”, assim batizado pelos referidos invasores. Além disso, escravizaram a população através do trabalho forçado e quiseram destruir a cultura já pré-existente, alegando a falta de cultura. Isso foi um erro em pensar dessa forma, pois, segundo o antropólogo Franz Boas, a cultura não se apresenta de forma linear ou evolucionista. Boas criticou o evolucionismo, uma teoria que sugeria que as culturas se desenvolviam de forma linear e progressiva, desde a “barbárie” até a “civilização”. Ele argumentou que essa visão era simplista e não refletia a complexidade e diversidade das culturas humanas.
Não faltaram denúncias sobre a exploração da América. O próprio espanhol Frei Bartolomeu de Las Casas denunciou essas práticas. O livro, na minha concepção, continua sendo uma obra obrigatória para ter uma visão de como foi a exploração. Mesmo Eduardo Galeano, em sua célebre participação na 2ª Bienal do Livro de Brasília em 2014, discordando em alguns pontos do seu livro, é natural, porém, na sua essência, o livro mantém fiel em explicar as razões e causas do nosso atraso. Durante sua participação, Galeano surpreendeu todos ao dizer que não leria novamente seu livro mais famoso, “As Veias Abertas da América Latina”, e brincou que “a prosa da esquerda tradicional é pesadíssima” e que seu “físico atual não aguentaria”.
Outro ponto a levar em consideração é não deixar dicotomia da ideologia de esquerda e direita, pois, nesse sentido, não permitirá observar o que está por trás do véu (V-É-U), e só se vê a exploração da América Latina até os dias atuais. É importante incluir todos os fatores da história para entender melhor a realidade.
Outro elemento é a independência política, mas a econômica se perpetua até hoje. Desde que David Ricardo elaborou, na sua obra, a divisão internacional do trabalho, somos exportadores de matéria-prima, enquanto importamos produtos de valor agregado, conforme a escola cepalina de Celso Furtado fez estudos severos sobre os países centrais e periféricos.
A exploração da América Latina é um tema que ainda é muito atual e relevante. O livro de Eduardo Galeano é uma obra clássica que nos faz refletir sobre a nossa história e a nossa realidade. É importante lembrar que a cultura não é algo linear e incluir todos os fatores da história é crucial para entender a complexidade da situação.
Além disso, é fundamental entender que a independência política da América Latina foi um passo importante, mas não foi suficiente para garantir a independência econômica. Um exemplo claro disso é a independência do Brasil, que foi “comprada” com dinheiro emprestado da Inglaterra, tornando o país refém da economia inglesa. Em 1822, o Brasil pagou 2 milhões de libras esterlinas à Inglaterra para ser “liberto” de Portugal, mas isso apenas significou uma troca de colonizador.
A América Latina é uma região rica em recursos naturais, mas que ainda sofre com a exploração e a desigualdade. É importante lembrar que a história não se repete, mas que podemos aprender com ela para construir um futuro melhor. A obra de Eduardo Galeano é um exemplo de como a literatura pode ser um instrumento de luta e de resistência contra a opressão.
A escola cepalina, liderada por Celso Furtado, foi uma corrente de pensamento econômico que surgiu na América Latina como uma reação às teorias clássicas europeias. Ela refutou as ideias de que os países da região deveriam seguir o modelo de desenvolvimento dos países centrais, e propôs uma abordagem própria para entender a realidade econômica da América Latina. A escola cepalina distingue os países centrais dos países periféricos, e argumenta que os primeiros exercem uma dominação econômica sobre os segundos. Além disso, ela critica a teoria monetarista, que busca controlar a inflação por meio da restrição do crédito e da redução dos gastos públicos, e defende a teoria desenvolvimentista, que prioriza o crescimento econômico e a industrialização como meios de superar a pobreza e a igualdade.
A independência política da América Latina foi um passo importante, mas não foi suficiente para garantir a independência econômica. A região ainda sofre com a exploração
Autor: Antônio PORFÍRIO de Matos Neto
- Graduação: Graduado em Direito, Economia, Administração, Filosofia e Ciências Políticas
- Graduando em História
- Pós-Graduação: Pós-graduado em Gestão Municipal
- Mestrado: Mestre em Economia
- Doutorado: Doutorando em Filosofia
