Analisei o artigo do professor Delfim Netto sobre o crescimento de Sergipe, publicado na Folha de S.Paulo em 7 de junho de 2006. O professor Delfim Netto, adepto dos clássicos da economia, apresenta algumas considerações sobre o crescimento de Sergipe naquele período.
Como economista e cientista político de formação acadêmica, farei algumas reflexões sobre o tema, livre de ideologia partidária.
Meu ponto de vista é que, a partir da década de 1990, Sergipe iniciou uma reformulação das políticas públicas, com investimentos em qualificação de professores, por meio de convênio entre a Universidade e o Estado (PQD), visando à melhoria da formação docente, que era majoritariamente de nível médio e passou ao nível superior. Além disso, um sindicato forte e atuante dos professores foi fundamental.
Concursos para contratação de gestores, treinados em Brasília, melhoraram a tecnocracia e a capacidade de gerenciamento do Estado.
Concursos para delegados de carreira, com treinamentos em Belo Horizonte, resultaram em melhor qualificação e contribuíram para a diminuição do índice de criminalidade na época. Não há possibilidade de desenvolvimento com altos índices de criminalidade.
Investimentos nos sistemas de abastecimento de água, com melhorias nas adutoras e criação de novos projetos de irrigação, como Califórnia, Jacaré/Curituba, foram fundamentais para abastecer o mercado interno e reduzir o desemprego.
No entanto, a disputa pelo poder foi bastante salutar e acirrada, com a tricotomia entre Albano, João Alves e Déda, e seus aliados (Valadares e Jackson), o que exigiu maior dedicação da classe política para realizar uma administração eficiente.
É importante ressaltar que a ideia de austeridade como justificativa para não investir é típica do pensamento monetarista. O desenvolvimento só é possível com investimentos, mesmo que isso gere dívidas.
A dívida diminuiu após os investimentos gerarem resultados positivos. Investimentos não são gastos.
Lembrando que o artigo foi escrito em 2006, os resultados apresentados foram frutos de anos de preparação, de governos anteriores, incluindo os de João Alves, Albano Franco e, posteriormente, do próprio João Alves.
A dívida era alta porque foram feitos investimentos necessários, aspecto que Delfim Netto, como monetarista, não considerou. Fiz este pequeno relatório como resposta ao artigo do professor Delfim Netto sobre o crescimento de Sergipe à época.
Antônio Porfirio de Matos Neto
Graduação em Direito, Economia, Ciências Políticas e Filosofia
Graduando em História
Pós Graduação em Gestão Municipal
Pós Graduando em Gestão Pública
Mestre em Economia
Doutorando em Filosofia