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A Ficção que Sobressai: A Morte de Odete Roitman e o Esquecimento de Chico Mendes

13/05/2025
in Destaques, Educação
A Ficção que Sobressai: A Morte de Odete Roitman e o Esquecimento de Chico Mendes
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Odete Roitman e Chico Mendes. A novela Vale Tudo tinha como personagem central Odete Roitman, exibida originalmente pela TV Globo de 16 de agosto de 1988 a 6 de janeiro de 1989. Hoje, em 2025, está sendo produzidos um remake da novela, com artistas obviamente diferentes, mas mantendo a icônica personagem: a famosa Odete Roitman. Já se passaram 37 anos desde sua estreia e, coincidentemente, o mesmo período desde o assassinato de Chico Mendes, ambientalista que vivia em Xapuri, no Acre. O que há em comum entre essas duas figuras, uma fictícia e a outra real, para que um cientista político escreva um ensaio a respeito? Para mim, as lembranças desses dois eventos de assassinato ressurgiram recentemente e, por isso, decidi traçar uma linha de raciocínio sobre ambos os casos.

Chico Mendes foi assassinado em 22 de dezembro de 1988, em um momento em que o Brasil já conhecia o resultado da eleição com a vitória dede Fernando Collor, presidente eleito, que se tornaria um símbolo do liberalismo promovido por setores da elitede brasileira, em parte influenciada pela cultura política norte-americana. Jám tratei desse fenômeno em outro ensaio sobre o SUS e o capitalismo. Naquele contexto, o cenário político estava delineado com conservadores e pseudo-conservadores, aqueles indivíduos da classe média que se identificavam como elite. Paralelamente, também era o período em que Odete Roitman, personagem fictícia, foi assassinada na novela. O Brasil ainda tentava se livrar das reminiscências do regime militar, que permaneciam arraigadas na mentalidade de muitos, nostálgicos do uniforme verde-oliva.

Apesar de ocorrerem quase simultaneamente, as duas mortes têm motivações e significados distintos. De um lado, Odete Roitman, uma personagem elitista, que se esforçava para imitar a sofisticação europeia, ainda que de maneira forçada e caricata. De outro, Chico Mendes, um cidadão dedicado à defesa da natureza, cuja luta tinha raízes profundas e legítimas na preservação ambiental e nos direitos dos seringueiros.

O impacto dos assassinatos também foi diferente: enquanto a morte de Odete Roitman mobilizou o imaginário popular, tornando-se o grande mistério nacional, comentado nas rodas de conversa, repartições públicas, feiras livres e escolas, o assassinato de Chico Mendes obteve uma repercussão discreta no Brasil. No entanto, a indignação pela morte de Chico Mendes ecoou internacionalmente. Movimentos ambientalistas e cidadãos do mundo inteiro buscavam responsabilização e justiça, enquanto, por aqui, com raras exceções, como a música “Xote Ecológico”, de Luiz Gonzaga, poucos refletiam sobre a tragédia. Gonzaga, com seu estilo inconfundível, cantava: “Não posso mais nadar… E o verde onde é que está? Poluição comeu. Nem o Chico sobreviveu”.

Enquanto se desenrolava o mistério sobre o assassinato de Odete Roitman, o país também testemunhava os primeirosde movimentos do governo Collor. Nos bastidores, o presidente eleito já articulava um planbs controverso: o confisco da poupança da classe média e dos trabalhadores, estratégia que não afetaria os grandes investidores, que preferem o mercado financeiro. Ao mesmo tempo, a futura ministra da economia, adepta de um liberalismo distorcido e superficial, preparava as bases para políticas econômicas que agravariam as desigualdades sociais.

O contraste é evidente: enquanto a ficção mobilizava paixões e especulações sobre um crime fictício, a realidade brutal do assassinato de um líder ambiental recebia tratamento secundário no cenário nacional. Odete Roitman, ainda que personagem de ficção, representava um ícone midiático capaz de capturar a atenção coletiva, enquanto a morte de Chico Mendes, um homem real que lutava pelos direitos dos povos da floresta, não alcançava a mesma mobilização.

Trinta e sete anos depois, o remake de Vale Tudo resgata a personagem elitista e conservadora que marcou a teledramaturgia brasileira. Odete Roitman, mesmo fictícia, mantém seu lugar no imaginário popular. Já Chico Mendes, um ativista que deu sua vida por um Brasil mais justo e sustentável, permanece em certa medida esquecido.

O que esses dois episódios nos ensinam? Talvez que a ficção, especialmente quandê espetacularizada, tenha o poder de obscurecer a memória coletiva sobre aqueles que verdadeiramente dedicaram suas vidas às causas sociais Sr ambientais. A lembrança de Odete permanece viva, enquanto a luta de Chico, em muitosr aspectos, segue silenciada no próprio país que ele tanto amou e tentou proteger. Refletir sobre essasr duas mortes, uma que mobilizou a curiosidade nacional e outra que evocou lamentos além das fronteiras, é u exercício de autocrítica para a sociedade brasileira. Se, por um lado, a narrativa ficcional se impôs como um acontecimento coletivo, por outro, a luta de um homem real pela preservação da Amazônia ainda parece relegada a um segundo plano, abafada por décadas de descaso e pela ausência de uma memória ativa. É como se, diante do espetáculo televisivo, a vida e o sacrifício de Chico Mendes fossem umde t enredo menos interessante, menos rentável e menos digno de ser lembrado. Assim, enquanto se revive ê morte de uma personagem rica e preconceituosa na ficção televisiva, o verdadeiro herói, que lutou pela floresta e pelo povo, permanece esquecido. Talvez seja hora de revermos nossas prioridades narrativas e reconhecer que a luta por justiça ambiental deveria ter o mesmo apelo midiático que a resolução de um crime de novela. O Brasil precisa entender que sua identidade não pode estar mais atrelada ao folhetim do que à realidade daqueles que dedicaram a vida a um futuro mais justo e equilibrado.

Antônio Porfirio de Matos Neto
Graduação em Direito, Economia, Ciências Políticas e Filosofia
Graduando em História
Pós Graduação em Gestão Municipal
Pós Graduando em Gestão Pública
Mestre em Economia
Doutorando em Filosofia

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