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HISTÓRIA, RELIGIOSIDADE E DEVOÇÃO NO POVOADO ALAGADIÇO

28/03/2025
in Destaques, Sergipe
HISTÓRIA, RELIGIOSIDADE E DEVOÇÃO NO POVOADO ALAGADIÇO
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*Antônio Porfírio de Matos Neto

A história nordestina foi, tantas vezes, sendo construída nos alicerces da religiosidade e da fé de um povo. E com a povoação sergipana e frei-paulistana de Alagadiço não foi diferente. Desde o seu nascedouro, ainda pelos idos do século XIX, a sua religiosidade e devoção foram tão enraizadas que até hoje não há que se falar em progresso sem reconhecer a pujança da fé dos antepassados.

As novenas, as procissões, as ladainhas, os cultos comunitários, as promessas, as santidades de porta em porta, os fogos de adoração, os cantos sagrados, os sons dos pífanos, tudo isso remonta aos tempos idos. A continuidade e o respeito a tais manifestações foram transformando simples gestos devocionais de um povo em verdadeira cultura religiosa. Desse modo, as celebrações de hoje ainda são as celebrações de ontem, de um passado distante.

Reabrindo o grande livro da história local, suas páginas logo mostram João Sabino dos Santos e sua esposa Angélica dos Santos fazendo de uma promessa, pelos idos de 1897, já nos episódios finais da Guerra de Canudos, uma tradição que se prolonga aos tempos atuais, e com o mesmo fervor religioso de outrora.

Segundo consta, Sabino debandou do palco de combate e foi buscar refúgio junto com sua esposa em Alagadiço. Temendo as perseguições das forças governamentais, sua esposa Angélica fez uma promessa para Nossa Senhora da Conceição, no sentido de obter a graça de não ser ameaçado nem preso. De joelhos rentes ao chão, com rosários entre os dedos e a fé em cada palavra dita, prometeu a Nossa Senhora que se o esposo ficasse livre das perseguições, então dali em diante faria novenas em agradecimento.

Assim, no mês de dezembro de cada ano, nos dias corridos no calendário, o novenário a Nossa Senhora da Conceição representa aquela promessa feita, bem como a força da religiosidade semeada em profusão perante toda a povoação. Durante os nove dias (daí o termo novena), a comunidade se congraça para receber a santa de porta em porta, para ouvir a tradição dos pífanos, para festejar com a queima de fogos, para avistar as ruas sendo tomadas por fiéis em procissão, para celebrar a santa em plenitude.

As noites de novenas são noites sagradas. Após as visitações da santa em cada lar especialmente programado, os fiéis se dirigem à igreja para a missa em louvação. Após a
homilia, as palavras de bem-aventuranças e as preces ao alto, então os pífanos adentram ao templo para espalhar sua música. E para depois retornar ao seio da população que já aguarda, entre fogos e cores nos céus, logo defronte à capela e arredores.

A procissão em louvor a Nossa Senhora da Conceição sempre ocorre no dia posterior ao novenário. Ocasião de um simbolismo religioso fundamental na vida comunitária. Mas durante os nove dias anteriores, as comemorações tomam todos os lares de Alagadiço. Conforme visto, a cada dia, os fiéis levam a santa a uma residência, onde a imagem repousa entre flores sobre toalhas brancas rendadas, onde os cantos e as orações tantas vezes se misturam aos ecos dos pífanos. Fogos brilham pelos espaços, as ladainhas e os cantos sagrados ecoam pelos ares, as mãos devotadas agradecem pelas graças alcançadas e pela esperança de dias felizes.

A fé e a religiosidade de Alagadiço vão, assim, sendo enraizada pela crença do próprio povo. Desde o passado que a comunidade comunga a fé no sagrado com o seu percurso de vida, sempre crendo, e com profunda devoção, que nas forças divinas reside toda a sua proteção. Assim como Nossa Senhora livrou João Sabino das amarguras da prisão, também os céus livraram a povoação da fúria dos cangaceiros e das volantes.

Tanta fé enraizada, tanta religiosidade no povo, tanta devoção envolvendo cada um, é o que explica a manutenção das tradições. As festas religiosas, os leilões, as procissões, as novenas, tudo traz consigo uma raiz antiga. Os pífanos, por exemplo, possui uma tradição inseparável na vida e percurso histórico da povoação. Ouvir o eco dos pífanos, de suas tabocas manejadas por dedos hábeis, é como se o presente estivesse reencontrando os seus primórdios.

Durante o novenário, as residências também comemoram os dias sagrados. Almoços são oferecidos, amigos são convidados, mas sempre com a presença dos pífanos. Assim, os sons dos pífanos estão presentes nos lares, acompanhando as visitas da santa, defronte e no interior da igreja. São seus ecos que recebem os fiéis para as rezas e missas. São seus sons que se misturam aos cantos e às liturgias no interior do sagrado templo. Tal a importância dos pífanos na vida de Alagadiço que estes deveriam ser reconhecidos como patrimônio imaterial. Com efeito, os bens culturais de natureza imaterial dizem respeito àquelas práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer, bem como celebrações e expressões musicais. Daí a tradição dos pífanos de Alagadiço estar plenamente ajustada a este conceito, necessitando da atuação dos poderes públicos para sua efetivação. E de forma mais que merecida.

Outro aspecto que merece especial atenção do poder legislativo municipal diz respeito à elaboração de um projeto onde se estabeleça feriado na povoação de Alagadiço no dia 08 de
dezembro, este devotado a Nossa Senhora e quando os principais eventos religiosos são realizados. Além de não se contrapor aos feriados municipais, vez que a povoação possui padroeira própria, seria uma forma de reconhecer e valorizar a história e a religiosidade de um povo abnegado pela fé e pela tradição.

No altar da fé, a história de um povo. Alagadiço, desde os seus primórdios, uma sagrada promessa de paz, religiosidade e progresso!

*Natural de Alagadiço

Membro da Academia Sergipana de Letras – ASL

Foto: Mario Sousa Seinfra

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