Município que ocupa a décima oitava posição no número de habitantes e que não está entre as vinte maiores economias de Sergipe, segundo dados do último levantamento do IBGE, em 2021. Aliás, esmiuçando os dados do IBGE de 2022, a situação da cidade é vexatória. Dores tem o décimo segundo maior índice de desemprego e está na posição 63, quando analisado o salário médio mensal em comparação com os demais municípios de Sergipe.
O vivenciar e sentir dessa realidade, constatada em dados publicados após as últimas eleições municipais, talvez tenha sido a mola propulsora que ensejou a população dorense a tomar a decisão por uma mudança, elegendo, em 2020, o Mário da Clínica.
O então prefeito, Dr. Thiago, não foi reeleito. Venceu o empresário, o cuidador da saúde do povo, homem com imagem de ‘nova política’ que estava no Cidadania de Alessandro Vieira. A força de seu discurso de renovação marcou a alma da cidade.
Não sei se por incompetência de gestão ou de erro na estratégia de comunicação, mas a sociedade sergipana só ouve falar de Dores com pautas negativas. No início da gestão, uma certa sensação de insegurança e inexperiência circulava nas informações em redes sociais e na imprensa. No ano seguinte, foram as denúncias de irregularidades em licitações, com suposto favorecimento de membros da gestão que seriam sócios de empresas, além de consultorias não muito bem explicadas.
2022 teve ainda a eleição geral e, na avaliação de muitos, a traição política do prefeito Mário marcou o pleito. O Cidadania foi abandonado, serviu apenas de desculpa para a conquista do poder dois anos antes. Mário apoiou candidatos de forte poder econômico na região e o atual governador Fábio Mitidieri. Mas a suposta traição não ficaria apenas na mudança de rumos, mas nos resultados. No primeiro turno, Fábio perdeu para Rogério na cidade. O prefeito Mário é apontado como o culpado, e o resultado seria consequência de sua pouca dedicação.
No segundo turno, veio a virada. Contudo, Mário não ficou com o crédito. Tanto é assim que o PSD manteve a filiação do ex-prefeito Dr. Thiago e a ele tem hipotecado apoio para as próximas eleições. Thiago conta com o apoio do pai do governador, o ex-deputado Luiz Mitidieri, que tem propriedade rural no município.
Restou a Mário a filiação ao União Brasil, para ter a proteção de André Moura e de Cristiano Cavalcante.
As eleições em Dores, com este cenário de suposta ausência de liderança e bons resultados da administração, estão marcadas por incertezas neste pleito de 2024.
A primeira passa pela decisão de Mário de ir ou não para a reeleição. Sua ausência na cidade e a divulgação de ações fracas e sem impacto geram a impressão de que ele ‘jogou a toalha’. Será? Se o leitor for fazer uma análise das redes sociais da prefeitura e do prefeito, vai corroborar com uma ideia de certa apatia nas ações.
Quem também passa por fragilidade é o ex-prefeito Dr. Thiago. O Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe (TRE/SE) formou maioria para torná-lo inelegível em um processo que analisa abuso de poder político e econômico nas eleições de 2020. Com essa incerteza, ele seguirá no pleito?
Segundo apuramos, Thiago passou a última semana fazendo reuniões e mais reuniões para tranquilizar seu agrupamento, garantindo que segue no pleito independente do resultado do julgamento, que está suspenso por pedido de vista. Fazer campanha tendo que se justificar não é bom.
E de onde ficam as aventuras?
O PT apresenta a advogada Thamires Souza, que é irmã do ex-prefeito Dr Thiago, ambos filhos do médico Gilberto Santos, neurologista e ex-diretor do Hospital Cirurgia. Será mesmo que ela entra em um pleito gerando uma briga familiar?
Por fim, o icônico Almeida Lima. Ruralista no município de Dores, Almeida, que já foi deputado estadual, federal, senador e prefeito de Aracaju por dois anos, lançou o nome e está filiado ao Republicanos de Gustinho Ribeiro.
Quem acompanha suas entrevistas e suas postagens nas redes sociais até encontra conteúdo, afinal, Almeida é inteligente e eloquente. Observa-se, porém, que falta profissionalismo nos formatos. Falta povo, gente, sentimento.
Lembra muito sua última disputa em Aracaju, quando, em 2020, saiu com humilhantes 572 votos. Será mesmo que ele quer entrar para vencer? Ou estaria demarcando espaço, eleitorado para seu genro, Breno Silveira, que deverá mais uma vez disputar vaga para Alese em 2026?
A única certeza é que, em agosto, algumas dessas dúvidas serão respondidas e as incertezas confirmadas e/ou contrariadas. Que venha o limite de prazo para o registro das candidaturas.
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