A inovação tem como fundamento básico o conhecimento, pois, para se ter algo novo ou produzir uma coisa nova, deve-se ter a expertise do objeto da criação. O objeto que aqui estamos falando é um processo ou um produto ou um serviço para as diversas necessidades da Sociedade.
Atualmente, fala-se muito em inovação, mas não se realça que, para se fazer um dado processo ou produto ou serviço inovador, é preciso se ter o conhecimento, ou seja, conhecer as áreas da ciência envolvidas na criação, a saber: Ciências da Natureza e suas Tecnologias (Química, Física, Biologia); Matemática e suas Tecnologias (Matemática); Ciências Humanas e suas Tecnologias (História, Geografia, Filosofia, Sociologia); e, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Literatura, Educação Física, Tecnologias da Informação e Comunicação, Artes).
Na criação ou no aperfeiçoamento de um processo ou produto ou serviço, deve-se ter em mente o que estou querendo fazer e, com isto, perceber se tem ou não os conhecimentos necessários para seguir: caso não tenha, o que devo saber ainda? Onde vou buscar?
Ah, onde está a Química? Uma área difícil! Calma, calma, vamos seguir… Lembre que a PETROBRAS surge em 1953; em 1963, na bacia sedimentar Sergipe-Alagoas, é descoberto o campo de Carmópolis (na época era maior em volume de reservas do país); em 1968, é produzido pela primeira vez na plataforma continental no campo Guaricema; em 2007, o campo de Piranema começou a produzir e marcou uma nova fronteira para o Nordeste com a produção e óleo leve em águas profundas; e em 2012 é descoberta a existência de óleo em águas ultraprofundas no litoral sergipano. Colocamos esta evolução para mostrar que o conhecimento adquirido pelos profissionais faz avançar para desafios maiores, pois hoje a PETROBRAS já trabalha na região do pré-sal, ou seja, em lâmina d’água muito grande. Isso nos permite crer na constante inovação para se atingir o objetivo da produção de óleo e gás.
Portanto seria a Química um dos pilares da inovação? Ainda tem dúvida?! Sim… Ok, vamos lá… No exemplo mostrado anteriormente, teve todo o desenvolvimento de produtos para suportar as pressões cada vez maiores nos poços perfurados usando a cimentação com materiais que enviam ou não reações químicas. Com isto, todo um desenvolvimento das empresas que atuam na cadeia de petróleo e gás se concretiza na região de exploração, gerando desenvolvimento.
Ademais, você também pode ver a Química como pilar da inovação neste momento em que lê esta matéria em material impresso, certo?! Pois o papel e a tinta foram obtidos após passarem por diversas operações de separação e mistura, bem como de reações química. “Ah, você está atrasado. Já estou lendo digital e não tem química no meu computador ou tablet ou celular”. Será? Tem sim! Em quase tudo ao seu redor tem Química: os componentes dos seus aparelhos eletrônicos foram obtidos através de processos com ou sem reação química, mas que envolve materiais químicos. Logo, eis a Química!
Química como uma força propulsora para o desenvolvimento para o Estado de Sergipe? Como pode ser isto? Vamos ao conhecimento… Nosso Estado possui diversas potencialidades de matérias-primas, como sol, vento, minerais, óleo, gás, produtos e resíduos agroindustriais etc. Alguns já são explorados e outras precisando de conhecimento, ou seja, inovação em processos que viabilize o aproveitamento economicamente viável. Logo, é necessário estudo com objetivo definido e profissionais com conhecimento para tornar este “sonho” em realidade.
Destaco que o marco regulatório do gás está em mudança. Diante disso, valem os questionamentos: como os órgãos envolvidos com esta área em Sergipe têm atuado junto aos profissionais da Química para um maior e melhor aproveitamento desta matéria-prima até o momento? Você conhece o plano para atrair ou fomentar empresas das diversas áreas no Estado? Estamos novamente sem visão de futuro! A Escola de Química foi uma das primeiras do Estado na formação de profissionais de nível superior, mas o Estado pouco soube aproveitar para traçar um plano de desenvolvimento consistente. Embora se reconheça a reduzida extensão territorial, o que inviabiliza um plano de agronegócio muito comum no Brasil, devemos considerar que a abundância de matéria prima e principalmente Profissionais com conhecimento e mente inovadora pode conduzir a um desenvolvimento que tem outros países com quase o mesmo tamanho de Sergipe, os quais investiram dentro de um planejamento consistente no fruto da INOVAÇÃO, ou seja, no conhecimento que transforma (INOVA) matéria-prima bruta (milho, soja, ferro, etc) em produto com valor agregado.
Legal ver a Química em quase tudo. Temos exemplo da PETROBRAS – que conseguiu inovar com base no conhecimento da sua equipe – e do gás – como uma das matérias primas para o desenvolvimento de Sergipe. No entanto, ainda acho pouco! Quero mais! Vamos lá… Usando a Química, uma das alternativas é, através dos processos biotecnológicos numa visão industrial, utilizar as diversas matérias-primas e/ou resíduos agroindustriais para transformar (INOVAR) por rotas microbiológicas e/ou enzimáticas, em produtos com maior valor agregado. É preciso querer. Um plano de desenvolvimento do Estado deve passar pelo envolvimento do órgão do Estado responsável, aglutinando a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado, o Setor Produtivo e as Instituições de Pesquisa que tenham PROFISSIONAIS da QUÍMICA visando à INOVAÇÃO em processo ou produto ou serviço e propiciando um desenvolvimento para o Estado baseado no conhecimento para INOVAR.
Prof. Dr. Roberto Rodrigues de Souza
Coordenador do Laboratório de Biotecnologia Ambiental – LABAM
Departamento de Engenharia Química – DEQ
Centro de Ciências Extas e Tecnologia – CCET
Universidade Federal de Sergipe – UFS Conselheiro do CRQ 8ª Região