Nossa geração desconhece totalmente a experiência que estamos vivendo nos dias de hoje e está completamente aterrorizada. É tudo inédito, novo e surreal. Dos nossos anciãos aos mais jovens, todos estamos sem saber o que pensar, o que fazer diante de um problema tão drástico em escala mundial. Não há receita de bolo e nem solução unânime pacificada. Um vírus de alta capacidade de contágio, de letalidade baixa mas de efeitos sofríveis e dolorosos. As cenas das complicações da doença são dramáticas e comovem aos mais insensíveis e duros corações. Pior: A possível solução para atenuar todas estas dores talvez nos gere outros tipos de problemas graves. Seria o que poderíamos chamar de “letal efeito colateral do remédio”, conforme escrevi em um outro artigo.
Qual seria a estratégia ideal para acabarmos com o grande número de mortes de acidentes de automóvel? Acabar com os carros. E para evitar as mortes de afogamentos em piscinas? Proibí-las em todo o país. E as mortes decorrentes do cigarro? Acabar as vendas deste produto. Mas porque estas medidas não são tomadas? Exatamente porque talvez infrinjam liberdades individuais ou até mesmo porque o ônus das medidas seja pior do que o seu benefício.
Certamente a melhor saída para evitarmos as mortes e o colapso em nosso sistema de saúde seja mesmo colocar toda a população mundial confinada em suas casas até que se cumpra todo o ciclo de vida do vírus e se achate o pico de contágio da doença. Pelo tempo que for necessário. Seria perfeito. Teoricamente. Por que certamente conseguiríamos atenuar os graves problemas da doença. Contudo geraríamos muitos outros.
Ambulantes, autônomos e empresários estão em completo desespero e já alertaram: Salvaremos o problema da saúde mas geraremos outros problemas como falências, desemprego, aumento de criminalidade, de violência doméstica e crescimento de mortes por suicídio e fome. Perderemos vidas com o estrangulamento da economia. A questão é: Estamos entre a cruz e a espada!
Tenho tentado pacificar a discussão nos debates entre amigos, lembrando que não se trata de um problema de ideologia, de política, de fla x flu, de querer ter razão. Trata-se de uma questão complexa da humanidade: Estamos entre a cruz e a espada e qualquer que seja o caminho que trilharmos, será doloroso. Não há escolhas fáceis e sem vítimas. Nesta guerra só há uma certeza: lamentavelmente teremos baixa, perdas, óbitos. Não há opção quanto a isto. O vírus chinês não nos deixou escolha. Toda questão é: as nossas decisões determinarão quem serão estas vítimas. E esta escolha tem feito a sociedade entrar em completa histeria.
Se o preço para nos livrarmos de todo esta epidemia mundial for de fato sacrificar os negócios deste país, não tenho dúvidas que os empresários heroicamente pagariam esta conta. Sim, pagariam. Empresários são gente, possuem família, defendem a vida. Eles também estão preocupados com a doença. Mas será mesmo que isto resolverá o problema? Será que não trará mais vítimas? Será mesmo que saberemos lidar com as consequências disto? Estamos prontos pra resetar o mundo e recomeçar do zero? Quem tem esta certeza? Quem possui estas respostas? Eu não sei responder. E creio que nossos governantes também não. Fomos todos pegos de surpresa.
Aos meus amigos empresários tenho dito o seguinte: Sejam humanos em todas as decisões que tomarem. Na forma de se comunicar, nas escolhas quanto as prioridades, na atenção e no cuidado junto aos clientes, no trato com os seus funcionários. Sejam humanos. Afinal de contas, quando isto tudo passar, e vai passar, será exatamente o que será lembrado de você e da sua empresa: Como ela se comportou quando a humanidade mais precisou de ajuda?
Estamos diante de um grande dilema moral, e somente com muita união e oração, conseguiremos atravessar esta tempestade com uma história de superação a ser contada para as próximas gerações. Empresários, guerreiros, heróis deste Brasil, nós perdemos o ano, mas não a dignidade e nem a esperança, portanto: Uni-vos para que o inimigo invisível não enterre os nossos sonhos! Deus acima de tudo de todos!
* Lúcio Flávio Rocha é publicitário, empresário, professor e colunista. Atua em entidades empresariais e é fundador e coordenador do Movimento Brasil200 em Sergipe.